5 de Outubro de 1968: apresentado um Ferrari com alcunha

O Ferrari Daytona é um dos coupés mais cobiçados da marca italiana. Foi apresentado no Salão de Paris de 1968 como o sucessor de outro grande coupé: o 275 GTB que utilizava um motor V12 de 3,3 litros e impressionou com as suas linhas fluidas e o motor V12 de 4,4 litros com 352 cv às 7.500 rpm.

Nesta história, o motor do novo Ferrari deveria assumir um papel principal, acabou por ser um "artista secundário". Mas vamos por partes...

Na época, a marca de Enzo Ferrari tinha a tradição de apelidar os seus automóveis com base na cilindrada unitária dos motores que utilizavam, o que equivale a dizer que, multiplicando 365 por 12 (o número de cilindros), chegamos a 4 380, ou seja, a cilindrada do 365 GTB/4, e onde o GTB/4 quer dizer que se trata de um Grande Turismo (GT) com uma carroçaria do tipo Berlinetta (B) de quatro lugares.

A marca de Maranello nunca escondeu que este modelo apostava nas vendas no mercado americano, e por isso houve quem tentasse aliar o seu lançamento com a vitória esmagadora dos Ferrari P4 nas 24 Horas de Daytona de 1967, onde a Scuderia garantiu os três primeiros lugares. Sendo assim, fazia tanto sentido chamar Daytona ao 365 GTB/4 que o nome "pegou", apesar de a Ferrari nunca o ter assumido oficialmente. A marca sempre disse que o nome foi uma invenção dos jornalistas, mas nunca fez nada para a alterar.

Deste modo, Daytona pode ser visto como uma "alcunha" e não como o nome de um modelo que nos anos 70 teve uma brilhante carreira desportiva em provas de resistência e onde a sua potência e fiabilidade lhe garantiram inúmeras vitórias na classe Grande Turismo nas 24 Horas de Daytona e Le Mans, para além das 12 Horas de Sebring e várias outras grandes provas internacionais.

Nos anos 80, quando surgiu o 512 BB com o motor colocado em posição central, muitos pensaram que o 365 GTB/4 ficaria para a história como o último Ferrari de motor dianteiro e tracção traseira, uma arquitectura que o Lamborghini Miura tinha provado que estava longe de ser a mais eficaz. Contudo, a marca voltou a adoptar esta solução no final dos anos 90, e ainda hoje o seu topo de gama é o F12 que, tal como o "Daytona", tem um motor V12 à frente do condutor.

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